Silva horrida - Guia de cidades

DESCRIÇÃO PRÁTICA E POÉTICA DO TERRITÓRIO OCUPADO

Wednesday, August 26, 2009

Gustavo Rios publicou uma generosa resenha da 2ª edição de meu folheto de cordel "A filha do Imperador que foi morta em Petrolina" na edição de agosto de 2009 da Verbo 21 - revista eletrônica de cultura e literatura. A seu ver, o livrinho é "um reduto onde dramas são registrados; onde o imaginário se expande e se mostra da forma mais simples e direta possível". Para ler a íntegra do texto de Gustavo, intitulado "Fábulas", clique aqui.
Acima dos edifícios uma revoada de órgãos sexuais masculinos e femininos deslizava nos ares se introduzindo entre as ruas e os edifícios.”

(José Agrippino de Paula, “Panamérica”, Editora Papagaio, 3ª edição, 2001, p. 230)

Lançado no alvorecer do momento tropicalista, “Panamérica” (1967), de José Agrippino de Paula, é (numa descrição simplificada) o relato iconoclasta, alucinatório e grotesco das peripécias de um protagonista indeterminado (de ares demiúrgicos, ao surgir como diretor de uma superprodução cinematográfica baseada em episódios bíblicos), que se movimenta, em saltos bruscos e situações de sexo e violência, através de locações marcadas pela abundância de estímulos sensoriais da sociedade de massas (onde contracena com simulacros de astros do cinema hollywoodiano e de esportistas norteamericanos) ou pela luta ideológica (quando se envolve com o conflito entre militares e “guerrilheiros comunistas” em cidades e selvas montanhosas da América do Sul). A narrativa se estrutura a partir de uma técnica de escrita automática, livre de qualquer referencial naturalista – a figura de “Marilyn Monroe”, por exemplo, é descrita, num mesmo capítulo, como tendo um corpo “muito gordo”, que “formava grandes dobras e volumes na barriga, nos seios e nas coxas” (p. 53), para reaparecer, poucas páginas adiante, com um “corpo lindo e firme”, de “nádegas firmes” (p. 59); mais à frente, ela é assassinada com um tiro de “revólver no olho” (p. 166) e logo em seguida ressurge, com vida; páginas adiante, quando o protagonista é informado de que “Marilyn Monroe tinha se suicidado” (p. 187), ele pensa, ao ver seu “corpo rígido”, que “ela poderia estar dançando e que seria uma representação da morte”; novamente, a personagem reaparece com vida pouco depois (desta vez grávida). A imaginação de Agrippino também remete às histórias em quadrinhos (“Eu realizei uma curva no espaço e subi veloz levado pelos meus dois foguetes presos às costas”, p. 175), ao cartum político (“Eu olhei para as cabeças dos comunistas conservadas no frigorífico do Departamento de Ordem Política e Social (...). Os olhos estavam abertos e a língua para fora, e havia uma outra língua comprida e fina amarrada ao pescoço da enorme cabeça como uma gravata”, p. 103), a intuições fellinianas (“Sophia Loren se ajoelhou ao lado de Carlo Ponti para que este pudesse chupar as suas quatrocentas tetas, de onde esguichava leite abundante”, p. 229) e a muitas outras fontes e influências, numa voracidade antropofágica verdadeiramente visionária.

Monday, August 24, 2009

Guia de cidades...

Folha de São Paulo de ontem (domingo, 23 de agosto): A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) divulgou novo estudo do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que “usa no cálculo dados de emprego, renda, educação e saúde enviados pelos municípios ao governo federal”; “Vitória é a [capital] mais desenvolvida (0,8642), seguida de São Paulo (0,8568)”; “Curitiba, com 0,8546, saiu da liderança para o terceiro lugar” (Cotidiano, p. 4). Os dados são referentes ao ano de 2006, na comparação com 2005. O link acima conduz a links para imagens georreferenciadas e ranking dos Estados e municípios.

Friday, August 07, 2009

com muita honra, passo a partir de hoje a colaborar no blogportal Poesia hoje - Agregador da poesia contemporânea (que acompanho diariamente desde meados de abril). o convite veio do editor Héber Sales, idealizador do projeto. meu primeiro post é sobre o resultado do edital de apoio à edição de livros de poesia, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia
A UEFS-Universidade Estadual de Feira de Santana (segunda maior cidade baiana, a pouco mais de 100 km da capital Salvador) tem se firmado como um espaço recorrente para o debate sobre a produção literária no estado. Depois do "Panorama da Literatura Baiana Contemporânea" (em 19 de março do ano passado), aconteceu nesta semana o "I Encontro Literário da UEFS: (Re)leituras contemporâneas", no qual 12 poetas, contistas e romancistas conversaram com os alunos sobre seus universos imaginários e seu processo criativo. Aproveitei para lançar algumas idéias sobre a oralidade na literatura contemporânea e a utilização de estruturas do cordel em poesia de invenção. Meus agradecimentos aos organizadores do evento, o Departamento de Letras e Artes, o Núcleo de Estudos Literários e Cinematográficos, o Diretório Acadêmico José Jerônimo de Moraes e o bravo trio Entre Aspas Thiago Lins, Georgio Rios e Paulo André.

(clique na imagem para ampliar)

Da esquerda para a direita : Mayrant Gallo, Dênisson Padilha Filho, Ângela Vilma, Wladimir Cazé, Renata Belmonte, Elieser César, Gustavo Rios, Eliana Mara Chiossi, Carlos Barbosa e Mônica Menezes