Silva horrida - Guia de cidades

DESCRIÇÃO PRÁTICA E POÉTICA DO TERRITÓRIO OCUPADO

Friday, March 04, 2005

recém-chegando-se a qualquer cidade, sempre uma fêmea multiforme, não convém cega adesão nem repúdio, usada ela seja ferramenta a favor dos competidores, esta a lei fundada no convício de feirantes, transeuntes; convém opor manso andamento a seu turbilhão de entreposto econômico, de capital do capital de castelos de vidro proliferantes à beira de um rio de gordura e gosma química, sedimentar a carapaça para anteparo ao massacre do concreto crescente, injetar no crânio informação ininterrupta, desaparecer no trânsito de fim de tarde, tornar o sol obsoleto em espirais em combustão; devendo o cidadão, sedado cedaço, ao aproximando-se dela, sondar-lhe a palpitação do seio,

na permissividade ponderante
do velho silicone avantajado,
querer corpo todo nela encostar,

nisso apenas assentar investida;
é tê-la despido e amá-la despida
dele o desejo a se fazer bastar.

[texto publicado no caderno "Dez!", do jornal "A Tarde", de Salvador (BA), em 3/3/2005]