Silva horrida - Guia de cidades

DESCRIÇÃO PRÁTICA E POÉTICA DO TERRITÓRIO OCUPADO

Tuesday, June 05, 2007

As fotografias do livro "Bahia - velhas fotografias, 1858/1900" (Kosmos, 1989), organizado por Gilberto Ferrez, proporcionam imersão sinestésica na Bahia, nome pelo qual a cidade de Salvador foi conhecida até meados do século XX. O livro (204 páginas) compila registros da paisagem urbana da "urbs princeps" do Brasil no momento imediatamente anterior à modernização trazida pelos primeiros governos republicanos, que alargaram vias públicas (Corredor da Vitória; Rua Direita do Palácio, atual Rua Chile) e fizeram obras estruturais importantes (a Bahia and San Francisco Railway, o aterro do Cais das Amarras).
São muito bonitas as imagens do Porto da Barra, do Comércio, do Campo Grande e do Rio Vermelho quase em estado inaugural, ainda sem a ocupação desenfreada que, no século passado, eliminou trechos de mata, poluiu rios (Rio Vermelho, Rio das Pedrinhas) e modificou o casario popular.
Benjamin R. Mulock, Camillo Vedani, Marc Ferrez e J. Schleier são alguns dos fotógrafos estrangeiros que trabalharam na Baía de Todos os Santos na época e foram incluídos no livro. Fica difícil detalhar a riqueza de informação sobre a cidade que a obra pode oferecer se folheada com vagar. Vai abaixo um exemplo.
Guiherme Gaensly fez uma imagem dos casarões (que não existem mais, substituídos por prédios de escritório) da Rua Nova da Princesa, no Comércio, atual Rua Portugal - onde trabalhei no verão de 1999.
Além de Salvador, outras cidades do Recôncavo aparecem, como Cachoeira (por Vedani) e Santo Amaro (por Mulock) . "Bahia - velhas fotografias" tem ainda mapas, apresentação de Kátia Queirós Mattoso e o artigo "Velhas fotografias da Bahia, 1858/1900", de G. Ferrez.
Merecem nota extra as fotos das cachoeiras de Paulo Afonso (BA), no Rio São Francisco (três imagens, nas páginas 16 e 17), feitas pela comissão geológica (Hartt, Derby, Rathborn) patrocinada por Pedro II entre 1875 e 1876.