Manuel Orlando é outra pessoa no mesmo corpo, passados os anos. O percussionista parece com o cara que ele era tempos atrás, no porte franzino, na pela preta fosca, mas muita coisa mudou nele com a experiência da vida e a prática da arte. Foi freqüentando as sessões musicais do fim da tarde de sábado no museu do Solar do Unhão que ele tomou gosto por bater nas caixas e nos pratos com uma baqueta e com a mão dar pancadas nos tambores, primeiramente como apenas um rapaz na platéia, depois como aprendiz na escola do Pelourinho, onde se destacou pela precisão de seu toque e pela rapidez de suas viradas, sendo então merecedor de uma bolsa de estudos no Canadá. Nunca tinha pensado em morar em outro país, e aproveitou a oportunidade sem pestanejar, apesar do receio do insucesso e do aperto que sabia estar à sua espera em um lugar de temperaturas tão baixas. Por quatro semestres, o conservatório o colocou em contato com ricos conhecimentos e técnicas, enquanto a cidade cartesiana e acolhedora lhe convocava os sentidos a um salto além das convenções da distante terra natal, com amigos loucos e mulheres imprevisíveis em bares em chamas e ruas geladas do hemisfério norte. Se ele gostou da experiência e conseguiu até ganhar algum dinheiro tocando em grupos de jazz e mambo; se ele poderia te desenvolvido uma carreira sólida, por que decidiu voltar ao Brasil ao fim de dois anos? Manuel Orlando sentiu que precisava se ver em seu cenário de origem, convertido em outro ser pela carga acumulada no estrangeiro; sentiu a necessidade de recolocar quem ele agora era no lugar de onde viera, para desse confronto extrair sua verdadeira identidade. E assim, com um chapéu de veludo azul e a barba por fazer, desembarcou no Aeroporto Luís Eduardo Magalhães para recomeçar a vida.
Contributors
Mande suas palavras cruzadas: wladimircaze@gmail.com
Ilustrações: Iansã Negrão.
Design: Delfin. R$ 15.
"Embora sobrevoe
avenidas e praias
de várias cidades,
atravesse vales
situados longe
e só volte ao mar à noite,
a gaivota gaiata
avista apenas mapas."
A filha do imperador que foi morta em Petrolina, por Wladimir Cazé; folheto de cordel; Edições K, volume 1, 26 p., R$ 2 (com o autor); R$ 5 (pelo correio). Ilustração: Roney George Diagramação: Albano M. Ribeiro
"Foi de um jeito diferente
do que jamais se via
que o mundo se comportou.
Mas agora o céu luzia.
Tudo voltava ao normal.
Parecia profecia.
Quando veio a calmaria
já se via o pessoal
reunido conversando.
Era vontade geral
como a cidade era antes
refazerem tudo igual."
SOBRE O CORDEL:
Resenha de Emerson Facão, publicada no site Viva Favela (Rio de Janeiro, 3/9/2004), sobre o folheto de cordel "A FILHA DO IMPERADOR QUE FOI MORTA EM PETROLINA", de Cazé
O cordel "A FILHA DO IMPERADOR QUE FOI MORTA EM PETROLINA" integra o acervo da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), no Rio de Janeiro
DOWNLOAD GRÃTIS!! - MP3
Sobre literatura de cordel:
Sobre música pop:
Sobre cultura popular:
Outros textos:
Conheça a cooperativa de escritores Edições K, que já publicou 9 LIVROS, incluindo o folheto de cordel "A FILHA DO IMPERADOR QUE FOI MORTA EM PETROLINA" (R$ 2 - com o autor; R$ 5 - pelo correio)
"Matéria prima" (2000), coletânea em CD, incluindo as faixas "Fita" (Jucimar Santos/WC), "Casa do fogo" (Luciano Aguiar/WC) e "Derange" (Pérsio Menezes/WC).
"Derange" (trip hop, 1998)
Vocais: Carol Carvalho e WC; samples e loops: Pérsio Menezes e WC; teclados MIDI: Gabriel de Carvalho; mixagem: Gabriel de Carvalho, Jucimar Santos, Pérsio Menezes e WC
TEXTOS DE WLADIMIR CAZÃ:
Poemas:
Fauna miúda e outros poemas
Rascunho de samba-enredo para um Carnaval no Rio de Janeiro
Noite de São Paulo
Contos:
Lamento do pai
Cointreau
Das feiras ao futuro (2000)
Cordel movido a Flash (2001)
Sobre literatura:
A literatura inglesa segundo Borges (2003)
O poeta, esse inútil - Antonio Brasileiro (2002)
Personagens que assombram o Brasil - LuÃs da Câmara Cascudo (2002)
Um dia com James Joyce (2000)
Percursos da música eletrônica (1998)
Combatendo pela recombinação (2002)
Drum'n'bass made in Brazil (2003)
Caranguejos em festa (2003)
República da réplica (2003)
Remix na terra do axé (2001)
Contágio digital (2003)
SÃntese sonora de ambientes urbanos (2003)
Sobre música popular:
Nana Caymmi lança álbum dedicado à obra do pai (2002)
Canibal do bem - Lenine (2002)
João Donato em vozes variadas (2002)
Aniversário no palco - LuÃs Caldas (2003)
O "bonde" do Zambiapunga vai ao Marrocos (2003)
Entrevistas:
A sobrevivência do game nacional - Rafael Rodrigues Dolzan (2001)
Construindo Galileo - Clóvis Vieira (2001)
"A cópia digital não é ruim para a música" - Arto Lindsay (2003)
"Meus sonetos são desnaturados" - Antonio Cicero (2002)
Mangá brazuca - Fábio Yabu (2000)
Juventude, literatura e liberdade - André Takeda (2000)
Ciberespaço animado - Denise Eler (2000)
Recortar, rasurar e colar - MaurÃcio Matos (2001)
"Esquerda de cópia" - Richard Stallman (2001)
Música colaborativa - H.D. Mabuse e dj tarzan (2002)
"Entre quatro paredes, mentimos para agradar" - Paulo Coelho (2003)
As três guardiãs de Verger (2003)
Guerra: espetáculo de não-realidade (2003)
Previous Posts