preso ao presente desde o êxodo, coisa errada oficinei nesse mundo calabouço, desterrado estúrdio; mudar é vertiginoso; virei bem de consumo jogado na economia de mercado, valor tortuosamente extraído de uma profissão, no osso da cifra, na safra, na caça, vivendo à beira do mal, rastejando no caos, baixando olhar de cão para a pele metálica da sociedade; o dia se dilui indecifrável, precisando festa irrefreável; bebam, eu assisto; boa noite, garotas que não conheço ainda, vejo luminescências no ar, encosto a cabeça no chão, ela pesa nas têmporas; ciranda eu vou tirar em cortesia; dedico este brinde à guria gótica baixinha invocada, prosélita do exército vermelho; o corredor escurece, fecho os olhos; coração pulverizado; é intermitente o trâmite dos sentidos.
Wednesday, November 23, 2005
preso ao presente desde o êxodo, coisa errada oficinei nesse mundo calabouço, desterrado estúrdio; mudar é vertiginoso; virei bem de consumo jogado na economia de mercado, valor tortuosamente extraído de uma profissão, no osso da cifra, na safra, na caça, vivendo à beira do mal, rastejando no caos, baixando olhar de cão para a pele metálica da sociedade; o dia se dilui indecifrável, precisando festa irrefreável; bebam, eu assisto; boa noite, garotas que não conheço ainda, vejo luminescências no ar, encosto a cabeça no chão, ela pesa nas têmporas; ciranda eu vou tirar em cortesia; dedico este brinde à guria gótica baixinha invocada, prosélita do exército vermelho; o corredor escurece, fecho os olhos; coração pulverizado; é intermitente o trâmite dos sentidos.

A filha do imperador que
foi morta em Petrolina,
por Wladimir Cazé; folheto de cordel;
Edições K, volume 1, 26 p.,
R$ 2 (com o autor); R$ 5 (pelo correio).
Ilustração: Roney George
Diagramação: Albano M. Ribeiro

