"(...)
talvez esse lugar para onde iam fosse melhor que os outros onde tinham estado. (...)
Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos, rios secos, espinho, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais (...).
Fixar-se-iam muito longe, adotariam costumes diferentes. (...)
andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. (...)
Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. (...)"
(Graciliano Ramos, "
Vidas secas", 57ª edição, ps. 121-126)
publicado há exatos 70 anos, o breve romance (ou conjunto de contos semi-independentes) "vidas secas" é uma lição de estilo e rigor formal. li-o pela primeira vez no começo dos anos 1990 e estive relendo-o na semana passada, captando suas ressonâncias temáticas (obviamente) e estruturais (fuga-permanência-fuga) no meu (a-ham!!...) romance in progress. o livro é tão bom que terminei de ler e recomecei no mesmo instante.