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o enredo do romance-tese sobre o caráter mestiço da sociedade soteropolitana "
Tenda dos milagres" (1967), de Jorge Amado, transcorre em dois planos temporais: 1) as primeiras décadas do século XX, que acompanham a formação do herói Pedro Archanjo, etnólogo autodidata e líder da religião afro-brasileira, circulando em torno de um casarão habitado por tipos populares (a Tenda dos Milagres) e situado no "
território livre" (p.14) do Pelourinho, onde "
tudo pode acontecer e acontece" (p. 80) e que "
se transformara no coração, no centro vital de toda aquela parte da cidade, onde se processa, potente e intensa, a vida popular" (p. 90); e 2) os anos 1968 e 1969, quando a obra de Archanjo, praticamente esquecida, é afinal descoberta, reapropriada e deturpada, nas comemorações do centenário do autor patrocinadas pelas forças políticas da "
nova Bahia" (p. 105)