Silva horrida - Guia de cidades

DESCRIÇÃO PRÁTICA E POÉTICA DO TERRITÓRIO OCUPADO

Thursday, December 24, 2009

CINCO POEMAS EN ESPAÑOL

Durante o Festipoesia en Cartagena (Colômbia), pude apresentar alguns de meus poemas na versão em espanhol gentilmente preparada por Antonio Carlos de Oliveira Barreto e Paula Ruth, ele brasileiro e ela argentina. O trabalho dos dois foi revisado por mim e contou com valiosas correções do uruguaio Wilson Javier Cardozo e do venezuelano Tomás Rosario Vargas.

(A propósito, encontrei mais um texto sobre o Festipoesia na rede,
"El 13º Festival de poesía tiene una pléyade de invitados de todo el mundo", açucarada matéria do diário cartagenero "El Sol".)

Agora fiquem com meus cinco poemas en español, os quatro primeiros do livro esgotado "Microafetos" (2005) e o quinto, do livro inédito "Macromundo", a ser lançado em 2010. (Para quem se interessar, um último exemplar de "Microafetos" continua à venda no
Sebo do Bac (São Paulo), via Estante Virtual.)


GENERACIÓN

Descansa el incendio
dentro del huevo.
Una fénix en reposo.

Crepúsculo inmaduro.
Pared desnuda.
Paisaje en la paleta.

Raíz probeta.
La planta todavía
está en su pétalo.

Plumas innatas
de ave en su cáscara.
Una flama intacta.


MIGRACIÓN

Serpiente parecida
a una raíz escondida
escoje el trámite.

Sirve de comer tierra,
para no sentir dolor.


GAVIOTA

A pesar de sobrevolar
avenidas y playas
de varias ciudades,
atravesar valles
situados lejos
y sólo volver al mar a la noche,
la gaviota payasa
apenas avista mapas.


MUJER SOBRE LA TIERRA

La mujer bajo el prisma
de la jaula de flores
no canturrea fugas.

A pesar de tener plumas
no tiene alas, sus dedos
dispiensan miedos.

Pero su rostro se colorea,
esfera encendida:
dejar de estar presa.

Sentada en su silla
que ahora gana ruedas,
el sol le abre las puertas.


MADRE NATURALEZA VIVA

La Madre Naturaleza Viva
pasa, pájara de agua,
por dentro de olas de fuego,
llevando su pequeño
(en el capullo bajo sus alas)
para el nido y el reposo.

Valiente, el ave defiende
de las amenazas del mundo
al recién nacido.
Frutas extrae de su cabello
para servirlo de sustento.
Por la noche, vela por su sueño.

Cuando el planeta amanece
al infante ella le ofrece
interestelar alimento.


Poemas de Wladimir Cazé
Versión en español por Antonio Carlos de Oliveira Barreto y Paula Ruth

Wednesday, December 23, 2009

fragmento de um moleskine surrado

22.12.2009. Andei como um nômade indômito por uma urbe obscura, sem memória das outras urbes onde recentemente estivera, sem vínculo com lugar algum – os aeroportos quase meus lares –, num vaivém até confins a explorar novas paragens. Foram semanas levitando ao sabor do acaso, de hotel em hotel, conduzido até onde me levava o vento, tentando deter o pensamento em algum traço no papel – em vão –; minhas emoções não se exteriorizavam, um turbilhão sensorial desprovido de foco preciso; meu olhar resvalava sobre a superfície das coisas, fotografava-as sem captar sua estrutura íntima, imerso na voragem consumista que tudo nivela e anestesia. Nada me destravava as sinapses, embora o atropelo de acontecimentos me sacudisse a percepção. Mas enfim pude me instalar na ponta continental da pequena capital-ilha-aterros, desinteressado em viajar para fora dali por vários meses a fio, necessitado de recobrar fixidez.

Sunday, December 06, 2009

Poetas del mundo en Cartagena

El brasileño Vladimir Cazé dice que existe un estereotipo con su país relacionado con la música, la danza y el universo afroamericano, pero confiesa que hay caracteres diferenciales en el mismo país, una introspección y una búsqueda interior que se refleja también en el quehacer poético.

O jornalista e escritor Gustavo Tatis, do “El Universal” (Cartagena de Indias, Colombia), publicou a matéria
“Poetas del mundo en Cartagena”, sobre o festival de poesia que chegou ao fim ontem (clique no link para ler). Agora me preparo para a segunda etapa da viagem, mais curta, em Bogotá. Depois pretendo escrever detalhadamente sobre Cartagena e o festival. Abaixo, foto dos poetas participantes publicada por “El Universal” (com o Castillo de San Filipo de Barajas ao fundo):


Friday, November 20, 2009


Dentro de poucos dias, viajo pela primeira vez para a Colômbia, para participar do 13º Festival Internacional de Poesía en Cartagena, que acontece de 1º a 5 de dezembro na cidade de Cartagena de Indias, às margens do Mar do Caribe. Estarão por lá poetas de El Salvador, Uruguai, Chile, Costa Rica, Porto Rico, Haiti, Venezuela, Itália, Japão, Romênia e Noruega, além do compay Antonio Barreto. A programação terá recitais em teatros, escolas, universidades, bibliotecas, parques e centros culturais. Também passarei uns dias em Bogotá.

Nas revistas de turismo do Brasil, há atualmente um modismo pela Colômbia: desde o mês passado, quatro revistas do gênero fizeram chamadas de capa citando o país (nenhuma, porém, como matéria principal): a "Viaje Mais" ("Colômbia: Das montanhas ao Caribe, um país que surpreende", na edição de novembro), a “Viajar pelo Mundo” (“50 motivos para se encantar pela Colômbia”; novembro), a "Viagem e Turismo" ("Colômbia: A grande pedida para queimar suas milhas"; novembro), e a "Próxima Viagem" ("La noche em Bogotá: 168 horas pelas baladas, cafeterias e museus da cidade colombiana"; outubro).

(Evidentemente, essa onda não é espontânea, mas resultado da vigorosa campanha de promoção desenvolvida pelo Proexport Colombia para desfazer a imagem de lugar perigoso e violento e para divulgar o potencial turístico do país. O slogan da campanha é “Colômbia: o perigo é você querer ficar”).

A reportagem da "
Viagem e Turismo" (“A segunda chance, ps. 100-109) é pouco inspirada. A “Viajar pelo Mundo” produziu apenas um miniguia (não assinado), com tópicos de destaque. A boa reportagem de
Maurício Moraes para a “Viaje Mais" (“Colômbia: destino para todas estações”) indica a Biblioteca Luís Angel Arango e a Biblioteca Nacional, ambas em Bogotá. Também gostei de “Bogotá superchevere”, reportagem de Ronaldo Bressane para a "Próxima Viagem", única que traz a importante instrução de como se localizar pelas ruas numeradas da capital: “De cima para baixo, de leste a oeste, estão as carreras; do sul ao norte, da direita para a esquerda, as calles” (p. 74). Bressane sugere três leituras para acompanhar passeios pela metrópole andina,“a revista Semana, o tablóide cultural Arcadia ou a excelente Malpensante” (p. 76), que com certeza serão minhas primeiras aquisições ao desembarcar.

Monday, November 16, 2009

Descobrindo o mundo e suas bibliotecas

Devo à Biblioteca Municipal de Petrolina, no interior de Pernambuco, o fato de ter me apaixonado por literatura ainda na infância. Graças a meu pai e minha mãe, livros sempre fizeram parte de meu mundo: nossa casa tinha volumes espalhados por todos os lados e eu sempre tive acesso a obras infantis ilustradas e histórias em quadrinhos. Levado por pesquisas e trabalhos escolares, passei, em meados dos anos 80, a freqüentar a biblioteca pública da cidade onde nasci e daí em diante fui definitivamente capturado pela mágica e borgiana teia de palavras que se estende até o infinito... Enciclopédias, lendas indígenas e as aventuras criadas por Júlio Verne eram minhas preferências nesse tempo.


Foi nessa biblioteca que, já ousando iniciar-me nos tortuosos caminhos da poesia, cometi meu primeiro e único roubo de um livro: um dicionário de rimas, que, num descuido dos funcionários do setor de livros adultos, atirei pela janela e fui buscar no meio do mato que ficava atrás do prédio. (Logo depois, ao ensaiar alguns versos, a facilidade artificial das listas de rimas do dicionário me incomodou e devolvi o volume à prateleira da biblioteca, decidido a buscar minhas rimas por conta própria, recorrendo à memória e à intuição.)


A segunda biblioteca que freqüentei foi em Salvador, durante o terceiro ano colegial, no antigo Colégio Alfred Nobel. Era apenas uma modesta biblioteca escolar, mas que contribuiu sobremaneira com a minha formação literária por conter (o que hoje me parece surpreendente) alguns livros com a poesia marginal de Leminski, Waly e Chacal, entre outros, que, junto com as melodias impecáveis de Cecília Meireles, me fizeram negligenciar os estudos para o vestibular.


Em 1993, fui parar na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, ao mesmo tempo em que também começava a desbravar o centro da cidade de Salvador. Antes de passar a freqüentar a “Biblioteca dos Barris”, meu circuito cotidiano era muito restrito, indo somente do Candeal (onde morava) ao Itaigara (onde estudava). Daí em diante, meus horizontes se alargaram radicalmente. No setor circulante da biblioteca, mergulhei em ficção brasileira pós-moderna, com Rubem Fonseca, Sérgio Sant’anna, Moacyr Scliar, João Gilberto Noll e muitos outros. Em plena adolescência, a “Biblioteca dos Barris” representou para mim tanto a descoberta da literatura brasileira contemporânea quanto a descoberta do centro da grande cidade para onde me mudara no começo da década e que ainda não conhecia propriamente.


Dentre todas as leituras que fiz nesse período, a que mais marcou minha trajetória de leitor e aspirante a escritor foi certamente “Cara-de-Bronze”, de Guimarães Rosa. Esse texto, que pertence ao livro “No Urubuquaquá, no Pinhém”, é uma estranha mescla de conto, poema, roteiro de cinema e experimentalismo sem concessões. É nele que aparece o famoso neologismo multi-idiomático “moimeichego” (junção das palavras “moi” + “me” + “ich” + “ego”, correspondentes ao pronome “eu” em francês, inglês/espanhol, alemão e latim).


“Cara-de-Bronze” conta a história de um velho fazendeiro que dá ordens a um de seus vaqueiros para que percorra os sertões de Minas Gerais em busca do misterioso “quem das coisas”, algo que o narrador jamais explica o que seja, mas que implicitamente compreendemos: “O que não se vê de propósito e fica dos lados do rumo. Tudo o que acontece miudim, momenteiro. Ou o que vive por si (...) Uma virtudinha espritada, que traspassa o pensamento da gente – atravessa a idéia (...) E bonitas desordens, que dão alegria sem razão e tristezas sem necessidade. (...) Não-entender, não-entender (...) o quem das coisas! (...) o que no comum não se vê: essas coisas de que ninguém faz conta... (...) Tirar a cabeça, nem que seja por uns momentos: tirar a cabeça, para fora do dôido rojão das coisas proveitosas.” (Guimarães Rosa, “Cara-de-Bronze”)


Todas essas definições ou descrições se aplicam à própria poesia, o que torna “Cara-de-Bronze” uma espécie de declaração de princípios rosiana – com direito a um conselho quase didático: “(...) ver, ouvir e sentir. E escolher (...)”. Essa leitura me deixou perplexo e apontou rumos que persigo até hoje em minha escrita pessoal. O apagamento das fronteiras estilísticas entre conto, poema e outras formais textuais, manifestado por “Cara-de-Bronze”, é um traço presente em tudo o que tenho escrito. Até mesmo meu trabalho com literatura de cordel é fruto de um desejo de combinar poesia e narrativa no mesmo texto.


Anos depois, tive a satisfação de descobrir uma biblioteca pública no novo bairro para onde tinha me mudado: a Biblioteca Thales de Azevedo, no Costa Azul. Lá deparei-me com o indispensável “Retrato do Brasil – Ensaio sobre a tristeza brasileira”, de Paulo Prado, um breve estudo de 1928 sobre a formação da identidade e o perfil psicológico do nosso povo. Depois vieram outras bibliotecas, em outras cidades, pois visitas a bibliotecas são sempre um item indispensável em meus roteiros de turista nas viagens que eventualmente tenho a oportunidade de fazer. Para um leitor compulsivo, viajar também é passar uma ou duas tardes explorando os acervos da Biblioteca Nacional e do Gabinete Portuguez de Leitura (no Rio de Janeiro), da Biblioteca Sergio Milliet do Centro Cultural Vergueiro (São Paulo), da Biblioteca Municipal e Central de Lisboa, da Biblioteca Municipal Camões (Lisboa), da sofisticada Biblioteca Municipal Almeida Garrett (n’O Porto) ou da labiríntica New York Public Library.


Hoje já tenho minha própria biblioteca particular, com uma quantidade considerável de livros que ainda não li e que venho percorrendo aos poucos. A correria da vida cotidiana e as distâncias urbanas (trabalho no aeroporto) não mais permitem que eu freqüente a “Biblioteca dos Barris” com a mesma assiduidade que há 10 anos. Mas tenho um grande motivo para ainda freqüentar a “Biblioteca dos Barris” esporadicamente: o raríssimo romance “Riverão Sussuarana” (Record, 1977), de Glauber Rocha, do qual há um exemplar num setor da biblioteca onde os livros só podem ser consultados no próprio local. Sempre que posso, vou lá, nas manhãs de sábado, para ler mais algumas páginas dessa que é a única obra de ficção publicada por Glauber (e que, tal como “Cara-de-Bronze”, também é um texto fronteiriço, com elementos de romance, depoimento autobiográfico, roteiro de cinema e experimentações variadas). O livro (infelizmente) nunca foi reeditado e o exemplar da “Biblioteca dos Barris” deve ser um dos poucos (se não for o único) em um acervo aberto ao público, em toda a Bahia.


Dicas de leitura:


No Urubuquaquá, no Pinhém”, de João Guimarães Rosa (Nova Fronteira)
Riverão Sussuarana”, de Glauber Rocha (Record, 1977)


Texto encomendado, há alguns meses, por Mayrant Gallo para uma publicação que acabou não vingando

Monday, November 09, 2009

"No bairro Jardim da Penha, a ocupação residencial tem início com a construção - pela iniciativa do poder público e do setor privado - de conjuntos habitacionais de três pavimentos durante a década de 1970. (...) Esses conjuntos habitacionais foram construídos com o objetivo de atender às necessidades de moradia da população de baixo poder aquisitivo. 'Mas, em função da implantação de serviços de infra-estrutura urbana e localização de determinados equipamentos, a região alcançou índices de valorização de tal ordem que não permitiu sua apropriação pela população à qual o programa visava contemplar' (Mendonça, 1985, p. 40)."

(Eduardo Rodrigues Gomes, "A geografia da verticalização litorânea em Vitória: o bairro Praia do Canto", GSA/Prefeitura Municipal de Vitória, 2009, p. 65)

"Em Jardim da Penha, a verticalização das construções encontrou forte resistência por parte da Associação de Moradores (AMJP), que tentaram - e conseguiram - manter (através de uma forte mobilização) o gabarito, para no máximo quatro pavimentos no interior do bairro (...), liberando o gabarito somente para sua orla."

(Eduardo Rodrigues Gomes, id., p. 67)


foto do Jardim da Penha: Edson Reis (clique na imagem para ampliá-la: no alto, à direita, o Aeroporto de Vitória; no alto, à esquerda, o campus da Universidade Federal do Espírito Santo; na lateral direita, a praia de Camburi)

a dissertação de mestrado em geografia de Eduardo Rodrigues Gomes, defendida em 2004, foi lançada em livro há alguns meses. o trabalho inventaria as principais transformações do espaço urbano em Vitória ao longo do século passado (pontes, aterros, etc.), destacando o processo de verticalização das construções residenciais, inicialmente no centro da cidade e, nas últimas quatro décadas, na parte norte-leste do município, situada no litoral. especificamente com relação à Praia do Canto - um dos bairros mais valorizados de Vitória (projetado com o nome de "Novo Arrabalde", em 1896, e executado a partir dos anos 1920) -, o estudo revela como o marketing imobiliário atuou na construção do espaço urbano, favorecendo-se da proximidade do mar para a comercialização de apartamentos residenciais em prédios cada vez mais altos (ao contrário do que houve no Jardim da Penha).

nota: de acordo com dados do IBGE (do Censo 2000) publicados em tabela na página 22, o Jardim da Penha é o bairro mais populoso da capital capixaba, com 24.623 habitantes.

pós-escrito em 21 de dezembro: na página da Prefeitura de Vitória há um texto com mais algumas informações sobre a história do Jardim da Penha (por exemplo: "A Empresa capixaba de Engenharia e Comércio idealizou a área inspirada no traçado da cidade de Belo Horizonte, considerada, até então, modelo de modernidade. (...) A região da Adalberto Simão Nader até o Canal de Camburi foi desenhada em largas avenidas diagonais, formando 13 quadras.").

Wednesday, November 04, 2009



o livro mais comentado e um dos mais vendidos por estas bandas atualmente intitula-se "Espírito Santo" (Objetiva, 2009). escrito por Luiz Eduardo Soares, Carlos Eduardo Ribeiro Lemos (juiz) e Rodney Rocha Miranda (secretário estadual de segurança pública), o livro relata, com base em documentos oficiais mas de forma romanceada, a história recente (que teve atuação destacada dos três autores) do combate ao crime organizado no estado que chegou a ser conhecido como "território livre da corrupção e da violência" (p. 179). chamou-me a atenção a ficha catalográfica (p. 235), que classifica a obra como de ficção: "1. Juízes - Brasil - Ficção. 2. Crime organizado - Investigação - Espírito Santo - Ficção. 3. Ficção brasileira." a ênfase no aspecto ficcional da narrativa parece querer isentar os autores de eventuais processos por difamação (réus que até agora ainda não foram julgados aparecem com nomes modificados), enquanto as citações de relatórios, depoimentos, ofícios, etc. garantem a credibilidade do relato. assim, o livro se situa prudentemente entre os fatos e sua interpretação.

Monday, October 26, 2009

Meu comentário sobre os contos de Lima Trindade virou um breve artigo, publicado na seção "Livros" da revista eletrônica Germina. Pretendo continuar a escrever minirresenhas de algumas obras literárias da atual produção baiana, à medida que as for lendo. A distância geográfica talvez me permita o enquadramento crítico adequado. Portanto fiquem ligados neste blog. A proxima vítima pode ser você (risos).

Sunday, October 25, 2009

Vetor (no Myspace)


Há pouco mais de um ano, eu e o músico/compositor Heitor Dantas começamos a fazer gravações de poemas meus (lidos por mim mesmo), com intervenções sonoras (a cargo dele). Trabalhamos com poemas preexistentes, mas também - às vezes em parceria com Heitor - escrevi textos especialmente para o projeto (intitulado Vetor). Por força das circunstâncias, tivemos que interromper temporariamente os trabalhos, que serão retomados em outro momento.

Como resultado desse primeiro ano de atividade, temos seis faixas, que foram publicadas em nossa página do Myspace. Convido meus virtuais leitores a visitá-la e a escutar esses experimentos em poesia sonora.

"Somos som" e "Mãe café" são textos criados especialmente para o projeto Vetor. "Gumes de sal e de luz" pertence a meu livro "Microafetos" (Edições K, 2005). "Barata", "Caracol" e "Valsa" pertencem a meu segundo livro de poemas, "Macromundo", a ser lançado em 2010 pela Confraria do Vento.

nota: a imagem que ilustra este post é de autoria de Iansã Negrão (ilustradora oficial de meus livros de poesia) e também pertence ao livro "Macromundo".

Tuesday, October 20, 2009

"Vitória, com seus 314 042 habitantes (é a quarta capital menos populosa do país) (...) No quesito saúde (...) é a 1ª da lista, ou seja, tem o maior número de leitos e profissionais de saúde para cada 1 000 habitantes. No aspecto econômico, saltou do 5º para o 2º lugar, embalada por investimentos milionários na indústria de base, leia-se Vale e Petrobras." (revista "Você S/A", nº 121, julho 2008, p. 36-37).

nota: na tabela "As 100 melhores cidades brasileiras para fazer carreira" (p. 35), Vitória aparece em 3º lugar (Salvador, em 15º).

Tuesday, October 13, 2009

"(...) Os indicadores sociais mostram um bom posicionamento do estado no contexto nacional. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita capixaba foi de R$ 13.847 em 2005 - o 5º maior dentre os estados brasileiros -, bem acima dos R$ 11.658 do Brasil. (...) o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) capixaba foi de 0,802, em 2005 (...), ao passo que este indicador foi de 0,794 para o Brasil." ("Economia Capixaba: Destaques do Espírito Santo", in: "200 maiores empresas do Espírito Santo 2008", ps. 194-195).

nota: de acordo com tabela na página 195, o IDH (2005) do Espírito Santo foi o sétimo colocado no ranking nacional, depois de Distrito Federal, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. A Bahia ocupa a 19ª posição.

Friday, October 09, 2009

"(...) sob um céu que se abre em vitória." (Sandro Ornellas)

houve uma alteração de rota, e o blog Silva horrida - Guia de cidades vai transferir sua base de operações de Salvador (BA) para Vitória (ES) a partir dos próximos dias. continuaremos alimentando este espaço com comentários sobre livros e viagens, anotações sobre leituras e lugares. anunciamos uma provável pausa nas postagens por algum tempo, mas garantimos a retomada dos trabalhos assim que for possível. serão mantidas eventuais colaborações na Verbo 21 (revista eletrônica de cultura e literatura) e no blogportal Poesia Hoje (agregador da poesia contemporânea). informe extra: estão em estágio avançado as negociações para a publicação de meu segundo livro de poemas, por uma editora carioca (mais notícias sobre isso em breve).


Do jornal "Correio", de Salvador, ontem (8/10/2009): "o estado para qual [sic] mais perdemos [ou seja, a Bahia perdeu] população é o Espírito Santo, com saldo de 16.200", afirmação seguida de tabela que nomeia e quantifica o Espírito Santo com "22 mil" emigrados baianos em 2008 (matéria "Migração cresce entre os baianos", de Pedro Carvalho e Perla Ribeiro).

Friday, September 25, 2009

ROCKCITAL NA TV

Vídeo da TVE-Bahia sobre o rockcital Corte + Pastel de Miolos + Kátia Borges + Leonardo Panço, no dia 5 de setembro de 2009, na loja Midialouca (Rio Vermelho).



Reportagem: Carol Vieira
Narração: Zeca de Souza
Imagens: Rhamidfan Cardoso
Edição: Denise Dias / Carol Ribeiro
Com: Corte, Pastel de Miolos, Lima Barreto, Kátia Borges, Leonardo Panço
Duração: 3'04''
O espaço é uma espécie de material opaco que Hitchcock sabe entalhar, aparar e recortar.” (p. 84)

As gaivotas e os corvos tomam Melanie de assalto como uma ventania, em ondulações de som.” (p. 102)

(Camille Paglia, “Os pássaros”, Rocco, 1999, tradução de Jussara Simões)



No ensaio “Os pássaros”, Camille Paglia esmiuça as complicadas filmagens e a construção narrativa e estética do longametragem de Alfred Hitchcock de 1963 (um “poema apocalíptico”, na definição de Fellini), traçando paralelos temáticos com outras obras do diretor (e da cinematografia ocidental) e detectando as principais linhas de força que sustentam seu enredo: o caráter violento e destruidor da natureza; a tensão sexual provocada pelo advento de uma mulher emancipada num lugarejo conservador. Recorrendo a observações de outros estudiosos do filme, Paglia faz conexões entre seus elementos, às vezes pertinentes e inesperadas, às vezes inconvincentes. “Os pássaros”: a suspensão ficcional de um fato científico (aves de espécies diferentes não voam em um mesmo bando) se evidencia como o núcleo ativador da história (numa cena, “andorinhas, tentilhões e trigueirões”; em outra, “gaivotas, gralhas e corvos”), enquanto a câmera, orientada pela “mente (...) estritamente visual” de Hitchcock, capta as várias situações que derivam desse ponto de partida e se sucedem com “naturalismo documental” – procedimento que é, Paglia acrescenta, “a primeira condição necessária do Surrealismo” (p. 15).

Thursday, September 10, 2009

Os contos de Lima Trindade

Uma placa enferrujada informa o ano e o tombamento como patrimônio histórico nacional; o que não ameniza o fedor dos dejetos vindo de dentro (...); não impede a invasão de vagabundos e viciados; não recompõe os destinos ali naufragados, não esclarece o legado de cada fantasma (...); não elucida o presente; não oferece garantias de futuro.

(Lima Trindade, “Todo sol mais o Espírito Santo”, Ateliê Editorial, 2005, p. 55)

Todo sol mais o Espírito Santo” (Ateliê, 2005) e “Corações blues e serpentinas” (Arte Paubrasil, 2007) são os dois livros de contos publicados por Lima Trindade (Brasília/DF, 1966) até o momento. Em ambos, o desejo se revela a principal força catalisadora das histórias, desejo sexual, na grande maioria delas, mas também desejo de conhecimento – “Onde Monteiro Lobato errou?”, do primeiro livro; ou de fama e sucesso – “O pecado de Santa Helena”, também de “Todo sol...”; ou de inscrição do sujeito no tempo e no espaço – “O Velho Cão do Cerrado”, de “Corações blues...”: “Salvador ainda é a mesma ao seu redor (...), o Cine Glauber Rocha fechado, o prédio decadente d’A Tarde” (p. 135). Lima Trindade é um autor cioso do que em seus personagens é força, culpa, frustração, afeto, esperança, desencontro, desamparo, vergonha, graça. Alguns dos 28 textos (são 13 no primeiro livro e 15 no segundo) se estruturam com retalhos de uma prosa desenvolta, que se dedica a reler a infância (“Onde Monteiro Lobato errou?”), a adolescência (“Leponex”, conto de “Corações blues...” calcado em histórias em quadrinhos e canções pop), a primeira adultidade (as derivas filosóficas da quasenovela “Todo sol mais o Espírito Santo”) e os revisionismos da maturidade (“Noite num hotel da Asa Norte”, de “Corações blues...”). Outros textos, ao contrário, são curtas capturas de instantes psicológicos de um indivíduo que se alterna entre desajuste e sintonia com o mundo ao redor (“O balão amarelo” e “A primeira vez”, ambos de “Corações blues...”). Outros, ainda, pequenos dramas urbanos com ressonâncias sociais – nas narrativas ambientadas em Salvador (“Trinta e um do doze”, no primeiro livro; “Praça da Liberdade” e “Queen Sally II”, no segundo) – ou crônicas com inflexões pop – nas histórias que têm por cenário Brasília (“Conto gótico” e “O anjo loiro no bar”, ambas de “Todo sol...”) e São Paulo (“Calças de pintor”, no primeiro livro, e “Três movimentos para um selvagem desamor”, no segundo) –, quando não planos ficcionais de plena fantasia – as ruas “rigorosamente iguais”, de “terra acinzentada batida” e “casas todas de alvenaria”, do conto (algo cortazariano) “Fim de linha”, do livro “Todo sol...” (p. 88). O alcance da imaginação de Lima Trindade ganha maior evidência em “Mais uma vez”, de “Corações blues...” (espécie de desdobramento de “A primeira vez”, do mesmo livro), conto que hibridiza épocas e lugares e funde ficção e confissão, no relato do iminente reencontro de um antigo “cavalariço” com seu “senhor”, após longa separação: “eu cantarolava baixinho, (...) no tempo em que ainda não havia CD, Idade Média ainda. (...) hoje, passados tantos anos, dez ou quinze, (...) saí da Taverna na Vila Madalena e transpus o portal duplo do Tempo” (p. 143). A afirmação da homossexualidade do narrador é alegorizada pela transição gradual de uma relativa obscuridade, na primeira parte do conto – “no escuro da noite (...) a lua encoberta de nuvens” (ps. 142-143) –, para um anseio por luminosidade, na segunda parte – “abrindo os olhos como querendo enxergar melhor” (p. 143) –, sendo também acompanhada pela substituição da ambientação medieval por um cenário com marcas da contemporaneidade (“pufs”, “blues”, p. 144). Construídos com domínio técnico e prazer, os contos de Lima Trindade exibem um escritor seguro de seus objetivos.

Tuesday, September 08, 2009

ROCKCITAL

acabamos por não acompanhar a Pastel de Miolos no show de domingo em Feira de Santana, frustrando nossos (três ou quatro) fãs do interior... já na capital, o Rockcital de sábado passado foi formidável. desta vez com guitarra e não violão eletrificado, Allison botou Kátia Borges e os autores do Corte para suar... o volume do microfone estava meio baixo, mas a proposta do evento se consolidou definitivamente. o lance é aproximar a produção literária local do público, de uma forma lúdica e descontraída, com a diversão como princípio. já temos um nome em mente para ser o próximo convidado e uma data aproximada em vista... mais notícias no momento oportuno. enquanto isso, fiquem com o vídeo abaixo, uma amostra do que rolou na Midialouca sábado passado. as fotos da noitada também estão no ar, aqui + aqui.




"ROCKCITAL"

Com Pastel de Miolos, Lima Trindade, Sandro Ornellas, Wladimir Cazé e Kátia Borges
Músicas: "Opressão", "Esperar sentado" e "Indústria da seca" (Pastel de Miolos)
Guitarra: Allisson Lima
Baixo: Alex Costa
Bateria: Wilson Santana
Filmado na Midialouca, Rio Vermelho, Salvador, Bahia, Brasil, 5 de setembro de 2009

Tuesday, September 01, 2009

Fim de semana na estrada: LITERATURA + ROCK em Salvador (sábado, 5/setembro) e Feira de Santana (domingo, 6/setembro)

Além de mais um “Rockcital” na Midialouca (Rio Vermelho), em Salvador/BA, no próximo sábado (5 de setembro), às 18h, os escritores do Corte (eu + Sandro Ornellas + Gustavo Rios + Lima Trindade) também farão uma participação especial no show do trio punk rock Pastel De Miolos que acontece no dia seguinte (domingo, 6 de setembro), no festival Setembro Rocker, a partir das 15h30, em Feira de Santana (CSU, Cidade Nova), a 100 km de Salvador. É a primeira vez que levamos para o interior da Bahia nossa fusão de fragmentos da literatura urbana de Salvador com o som enérgico e pesado da PDM. Minhas inserções literárias (com trechos de um longo “prosoema” eternamente in progress) ocorrem nos instrumentais das músicas “Nova utopia” e “Indústria da seca” (aqui, um vídeo com performance do show anterior). Apareçam!

5 de setembro (sábado)

ROCKCITAL: Corte + Pastel de Miolos
às 18h
Midialouca (R. Fonte do Boi, 81, Rio Vermelho, Salvador/BA, tel.: 71-3334-2077)
Com: Kátia Borges + Leonardo Panço (Jason) + Pastel de Miolos + Sandro Ornellas + Gustavo Rios + Lima Trindade + Wladimir Cazé
Entrada franca


6 de setembro (domingo)
FESTIVAL SETEMBRO ROCKER
A partir das 15h30
Centro Social Urbano (CSU), Cidade Nova, Feira de Santana/BA
Com: Pastel de Miolos + Sandro Ornellas + Gustavo Rios + Lima Trindade + Wladimir Cazé + Família Incondicional (Feira de Santana) + Sivirino (Feira de Santana) + Ladrões Engravatados (Camaçari) + The Pivo's (Camaçari) + Dynastia (Salvador)
Ingressos: R$ 10 + 1 kg de alimento
Informações: 75-9955-7726 / 75-8847-6640